Uberlândia tem o melhor saneamento do país, aponta o Trata Brasil
O Ranking do Sanamento, pesquisa do Instituto Trata Brasil, que avalia a qualidade dos serviços de saneamento básico prestados nas cem maiores cidades do Brasil, divulgado nesta terça-feira (1º), em São Paulo, aponta mais uma vez o Departamento Municipal de Esgoto (Dmae) de Uberlândia como a melhor empresa de saneamento do país. O resultado vai ao encontro do trabalho desenvolvido pelo Dmae para garantir a eficiência do serviço prestado. Somente este ano, foram investidos R$ 2 milhões na aquisição de 19 novos veículos e maquinários. Também em 2013, o órgão obteve aval do Governo Federal para a liberação do crédito de R$ 360 milhões que serão investidos no novo sistema de captação de água de Capim Branco. Outro investimento do Dmae este ano foi a conclusão e funcionamento da Estação Elevatória de Esgoto do bairro Celebridade, beneficiando aproximadamente 600 domicílios da região Leste que passaram a ter o esgoto coletado.
À frente, na pesquisa, de empresas do porte da Sabesp, de São Paulo, da Sanepar, do Paraná, e da mineira Copasa, a autarquia comemora pela quarta vez o primeiro lugar no ranking, repetindo o feito conquistado em três anos consecutivos (2004 a 2006). Nos anos seguintes (2007 a 2010), a autarquia conquistou duas vezes o segundo lugar e em outras duas, o quarto lugar.
“Este resultado é um estímulo para nós e indica que estamos no caminho certo, realizando os investimentos necessários para a boa gestão da autarquia”, diz o diretor do Dmae, Orlando Resende. Segundo ele, a omissão na área do saneamento tem um custo alto. “A punição é a inviabilização dos investimentos na manutenção, modernização e ampliação do sistema”.
O estudo começou ser publicado em 2010, servindo-se da base de dados de 2003 a 2008, repassados pelas operadoras estaduais, regionais e municipais, públicas e privadas, ao Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Considerado a mais completa base de dados sobre o setor, no Brasil, o SNIS pertence à Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, vinculada ao Ministério das Cidades.
Ao avaliar os serviços de saneamento nas cem maiores cidades do Brasil, o instituto Trata Brasil leva em consideração três critérios: o nível de cobertura, a sua melhora e a eficiência do sistema. No quesito cobertura são avaliados a população atendida pelo abastecimento de água e pela coleta de esgoto, e o volume de efluentes tratados. Desde 2004, com a inauguração no ano anterior da Estação Uberabinha, que trata 95% de todo esgoto gerado em Uberlândia, o município tem estado sempre entre as quatro primeiras empresas de saneamento do país.
Na melhora da cobertura, o Instituto considera a porcentagem da arrecadação que é investida no sistema, e espeficamente na universalização do abastecimento de água e a coleta de esgoto - as chamadas ligações faltantes. “Nossos investimentos no abastecimento e no esgotamento sanitário foram bastante expressivos em 2011 e vão continuar em alta, pois temos agora pela frente o desafio de construir uma nova estação de tratamento de água, que pretendemos colocar em operação ainda em 2017, e cuja primeira etapa de construção atenderá uma população de 1,5 milhão de habitantes”, informou Resende.
Redução de perdas
O nível de eficiência no saneamento leva em conta o índice de perdas de água e a sua evolução e, para isso, é considerada a diferença entre o volume faturado e a água produzida. Nesse item, o Dmae demonstrou que vem atendendo a meta de reduzir as perdas. Seu indicador foi de 0,11%, bastante superior à média dos municípios avaliados, de 0,04%, conquistando a nota integral na categoria evolução.
“O valor tido como ideal pela metodologia do Trata Brasil é de 15%. Queremos alcançar esse patamar e estamos trabalhando no controle das perdas reais, que resultam dos vazamentos, e das perdas aparentes, ocasionadas por erros e fraudes dos hidrômetros”, explica Resende. Segundo ele, só este ano o Dmae irá trocar – sem ônus para os usuários – cerca de 20 mil hidrômetros.
Outra medida que deverá refletir de maneira indireta na redução das perdas de água é a aquisição, em 2013, de 19 veículos e maquinários para substituir a frota antiga que irá a leilão, entre os quais uma F-4000 de 36 anos. O investimento de R$ 2 milhões vai permitir que as equipes que atuam nos serviços de manutenção não fiquem paradas por conta de problemas mecânicos, ao mesmo tempo que reduzirá os gastos com oficina, que só neste primeiro semestre de 2013 alcançaram a cifra de R$ 615 mil.
Uberlândia, segundo o Trata Brasil, está entre as 12 cidades brasileiras com melhor índice de tratamento de esgoto. Mesmo entre os cem maiores municípios, o volume de esgoto tratado é de apenas 38,51%, muito próximo à média nacional, de 37,5%. A nota 2,08, conferida ao Dmae, pelo esgoto tratado, está bem próxima de 2,5, o valor máximo pontuado pelo Instituto.
Tarifa
Dos municípios avaliados, Uberlândia é o que cobra a menor tarifa, oitenta e nove centavos, em média, pelo metro cúbico de água (correspondente a 1000 litros). Mesmo com o reajuste de 26%, implementado este ano, quem consome até 20 metros cúbicos de água (ou 20 mil litros) paga cerca de oitenta centavos por cada mil litros consumidos em Uberlândia. Vale ressaltar que 67% da população está dentro desta margem de consumo, pagando até R$ 30,00 ao mês.
Evolução dos Indicadores das Maiores Cidades nos últimos 5 anos (*)
2007
|
2008
|
2009
|
2010
|
2011
|
Variação 2007 x
2011 (p.p.) | |
População com água tratada (%)
|
90
|
89
|
90
|
90,9
|
92,2
|
+ 2,2
|
População com coleta esgotos (%)
|
59
|
56
|
57
|
59,1
|
61,4
|
+ 2,4
|
Esgoto tratado x Água consumida (%)
|
36
|
36
|
38
|
36,3
|
38,5
|
+ 2,5
|
Perdas de Água (financeira %)
|
45
|
43
|
42
|
40,5
|
40,1
|
- 4,9
|
Investimentos (R$ bilhões)
|
2,9
|
3,7
|
5,7
|
4,5
|
4,5
|
Soma = 21,3 bi
|
* Considerando apenas as cidades constantes nos Rankings do Instituto Trata Brasil.
** Nos anos de 2007 a 2009 as médias foram feitas para as 81 maiores cidades. Em 2010 e 2011 a média considerou as 100 maiores.
** Nos anos de 2007 a 2009 as médias foram feitas para as 81 maiores cidades. Em 2010 e 2011 a média considerou as 100 maiores.
INVESTIMENTO NO MEIO AMBIENTE
O recurso da arrecadação do Dmae não só é investido na ampliação do abastecimento e no esgotamento sanitário, como também propicia que famílias que ganham até dois salários mínimos mensais, e consomem até 20 m³ de água, sejam isentas de qualquer pagamento. Outra parte também é destinada à proteção das nascentes. No entanto, nem a isenção às familias de baixa renda nem os programas ambientais, apesar de sua relevância, são considerados no ranking do Trata Brasil, que trata especificamente dos serviços de saneamento.
Para apoiar o produtor rural na recuperação e cercamento das Áreas de Proteção Permanente, as chamadas APPs, que margeiam as bacias dos dois mananciais que abastecem o município - o ribeirão Bom Jardim e o rio Uberabinha -, foi criado o Programa Buriti, que atende hoje 115 proprietários rurais. Mais de 2 mil hectares já foram cercados pelo programa em áreas onde foram plantadas quase 100 mil mudas de espécies do Cerrado.
Além de destinar recursos para a proteção das nascentes, o Dmae também contribui para a melhoria da qualidade e da vazão das águas da Bacia do rio Araguari, à qual pertencem o rio Uberabinha e seu afluente, o Bom Jardim. Cerca de R$ 2 milhões são pagos anualmente ao comitê do Araguari para auxiliar os outros 20 municípios da bacia a melhorarem os seus serviços de saneamento.
A educação para a sustentabilidade ganhou prioridade em 2003, com a criação do Programa Escola Água Cidadã, que passou a capacitar monitores bolsistas dos cursos universitários da cidade para atender instituições de ensino, empresas e demandas da comunidade. Desde então, professores e estudantes das redes pública e privada têm visitado as estações de tratamento de água e esgoto e recebido material didático adequados à sua escolaridade.
“Para valorizar o trabalho e os insumos investidos no tratamento da água e do esgoto, e evitar o desperdício, é preciso conhecer as várias etapas do processo. E sem a educação ambiental, esse conhecimento não chega até a população”, conclui Orlando Resende.
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