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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Tecelãs ganham visibilidade com estadia no Centro Administrativo

Tecelãs ganham visibilidade com estadia no Centro Administrativo
           
A mudança temporária das tecelãs que trabalham no Centro de Fiação e Tecelagem de Uberlândia para o saguão do Centro Administrativo Municipal quebrou a rotina no prédio e ainda ajudou a dar visibilidade ao trabalho artesanal.          As fiandeiras têm chamado a atenção das centenas de pessoas que passam pela Prefeitura diariamente. São senhoras já em sua melhor idade que esbanjam simpatia e responsabilidade pelo ofício de tear. “Toda vez que ando por aqui tenho que parar para dar um oi e conversar um pouquinho com estas ‘senhorinhas’, que tem tanto a ensinar pra gente”, disse a servidora Maria Auxiliadora.
Com previsão de ficarem no Centro Administrativo até junho deste ano, quando deve ser concluída a reforma do Centro de Tecelagem, as tecelãs ganharam visibilidade no novo espaço. De acordo com o coordenador do Centro de Fiação e Tecelagem, Jorge Hamilton Silva Rodrigues, muitos cidadãos sequer tinham conhecimento da existência da atividade na cidade. Por causa da presença delas no Centro Administrativo, o trabalho de tear está sendo divulgado, ganhando admiração das pessoas e aumentando os pedidos de tecidos. “Muitos só sabem do tear por conversas que as avós e bisavós contavam. A maioria não conhece, só sabe que existe por conta de histórias. A nossa presença aqui está proporcionado que haja um maior incentivo ao retorno do tear em Uberlândia”, contou Jorge Hamilton.
Muitos curiosos param para tirar fotos, tocar e sentar nas máquinas e até trocar um “dedo de prosa” com as ‘meninas’, maneira carinhosa que o coordenador se refere às senhoras. “A princípio, eu e as meninas tivemos preocupação de que a presença aqui na Prefeitura não desse certo. Imaginávamos que a vinda para a Prefeitura iria nos distanciar do público que freqüentava o Centro constantemente no bairro Patrimônio. Quando nos instalamos tudo mudou, a recepção dos servidores nos surpreendeu. Foi uma novidade para ambos os lados, foi um novo ambiente formado aqui”, disse. “Há uma empatia muito grande para com a população, vai ser difícil tirá-las daqui”, completa Jorge.
Enquanto a reportagem conversava com as tecelãs, Ricardo Arantes, que veio à Prefeitura para resolver problema relacionado ao seu imóvel, ficou encantado com o trabalho e arte das fiandeiras. Ele registrou o momento com a câmera do celular e parou para parabenizar as senhoras pela qualidade e profissionalismo do material produzido. “Ver tecelãs é uma novidade, a presença delas aqui é resgatar toda a história que elas carregam. Eu sabia que existia o Centro de Tecelagem em Uberlândia, mas nunca tive oportunidade de ir até lá. Agora espero ansioso para visitar o local depois da reforma”, disse.
Dona Geralda da Silva é uma das tecelãs mais antigas do grupo, tem 87 anos e fia tecido desde os 14, ofício que aprendeu com a mãe e a avó. Quando questionada da vinda temporária para a Prefeitura, ela conta: “Vou falar a verdade, no primeiro dia eu não gostei não, tinha medo de não dar conta de fazer meus tapetes. Mas logo passou o medo e eu gostei, gostei muito, porque todos vêm conversar comigo, me perguntam como eu aprendi, se eu posso ensinar. Tem hora que o povo até atrapalha nosso serviço com tanta perguntação (sic)”, disse em gargalhadas.
Entre as meninas, há também um “menino”. Gealine Ferreira da Silva é auxiliar de serviços gerais do Centro de Tecelagem e fez um curso de tecelagem em 2005. Como sempre teve vontade de aprender, os coordenadores do Centro deram a ele a oportunidade de tecer junto às meninas. “Quando eu vi o tear pela primeira vez, me deu vontade de fazer como as tecelãs fazem. Então fiz o curso no próprio local e sempre que tenho autorização, faço o serviço junto com elas. Elas me ensinam, conversamos e nos transformamos em uma família”, disse.
            De acordo com a secretária de Governo, Rosângela Paniago, a vinda das fiandeiras para o Centro Administrativo abrilhantou o local. “O oficio delas é uma complementação de renda, lazer e convívio social para todas. Aqui no Centro Administrativo elas estão divulgando para a cidade a arte do tear. Enquanto o local está sendo reestruturado para dar melhor qualidade de trabalho para estas senhoras, elas estão encantando a todos. Foi um presente que o Centro Administrativo ganhou. Vai ser difícil ver o prédio sem elas”, contou.

Reforma

Muitas transformações vão acontecer no atual prédio, localizado na rua Francisco Galassi 855, bairro Patrimônio. De acordo com Rosângela Paniago, será feita uma reforma completa em toda a estrutura do imóvel, que contempla a troca do telhado e a criação de alguns espaços específicos para o cotidiano dos artesãos. O objetivo é tornar o prédio num ponto turístico de Uberlândia. Será implantado um totem na entrada do imóvel, além de outras modificações. Uma das novidades é a loja com café, que vai possibilitar a comercialização dos produtos em estilo próprio. Rosângela Paniago disse que a ideia é proporcionar sofisticação com simplicidade e facilitar a interação entre visitantes e artesãos. O projeto conta com design moderno, sem deixar perder nada da cultura milenar do tear, das roças.
Ao todo, serão investidos R$ 700 mil na obra. O Centro de Fiação e Tecelagem, além de nova roupagem, também terá uma nova denominação: “Fios do Cerrado”. A expectativa é de que se torne num dos equipamentos mais visitados pelos turistas que vem a Uberlândia.

Paula Maia
Governo

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