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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Gregório José

 
A vítima é a culpada, queira ou não!
 
Gregório José
 
Parece brincadeira, mas não é. Lendo friamente um estudo feito pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), sério, muito sério afinal, me assustei. O tema?  Estudo analisa casos notificados de estupro. Isso para encerrar o mês de março (Mês Internacional da Mulher). A pesquisa estima que no mínimo 527 mil pessoas são estupradas por ano no Brasil e que, destes casos, apenas 10% chegam ao conhecimento da polícia. Os registros demonstram que 89% das vítimas são do sexo feminino e possuem, em geral, baixa escolaridade. Do total, 70% são crianças e adolescentes. De acordo com a Nota, 24,1% dos agressores das crianças são os próprios pais ou padrastos, e 32,2% são amigos ou conhecidos da vítima.
A proporção dos casos nos quais há suspeita de uso de álcool por parte do agressor é maior quando a vítima é adulta. Muitos casos ignorados diminuem à medida que a faixa etária da vítima aumenta. A ingestão de álcool está associada ao estupro de crianças, adolescentes e adultos numa ordem de pelo menos 20% a 40% dos casos.
No que se refere ao horário em que ocorrem os estupros, enquanto as crianças e adolescentes são vitimizados relativamente mais no período de 12 horas às 24 horas. Os crimes que afetam os adultos ocorrem entre 18 horas e 6 horas da manhã.
A mulher, de acordo com a pesquisa, está suportando o estupro, e além disso, a culpa pelo crime. Como se ela fosse uma espécie de comparsa do estuprador.
Machista e totalmente inconcebível. Este o resultado avaliado pela pesquisa. Não desmerecendo o estudo. Nela fica patenteado que a mulher e as crianças são as vítimas que se tornam culpados pelo estupro.
Seria bom culpar as vítimas por serem belas e atraentes. Por não se fazerem feias e desinteressantes. Ah! Também temos que culpar os salões de beleza por transformá-las em musas. A indústria têxtil e as fábricas de roupas, os estilistas por deixa-las na moda. Também temos que culpar a indústria alimentícia e as academias de ginástica por fazerem com que as mulheres tonifiquem seus músculos. A indústria alimentícia e as nutricionistas por ajudarem-nas a manter a bela forma. Os médicos cirurgiões plásticos por corrigirem as imperfeições corpóreas. As igrejas por permitirem que eles se tornassem mais liberais. Os governantes por não cobrarem impostos pesados para estas correntes industriais que fazem as roupas, que produzem os alimentos, enfim, por mexerem com a libido incontrolável dos pervertidos tarados de plantão que ficam passeando em shoppings, que bisbilhotam nas portas de escolas, que vagam diariamente pelas ruas em busca de suas presas.
Talvez as roupas femininas devessem ter os dizeres: “Advertência! Usar este modelo pode provocar Risco de Estupro”. Ou ainda, “Usando esta roupa você pode provocar aumento da libido masculino e ser uma cúmplice de um crime”!
 
Jornalista e Radialista
 
Gregório José 
(34) 8817-8845/3222-1311

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