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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Escolas rurais terão projeto de preservação da cultura caipira

Escolas rurais terão projeto de preservação da cultura caipira

Foi anunciado na tarde de hoje (2), no Centro Administrativo Municipal, o início do projeto Raízes do Sertão em seis escolas da rede municipal. Serão desenvolvidas atividades culturais e educacionais em unidades da zona rural e dos distritos com a proposta de levar aos alunos o contato com a música raiz por meio de palestras, oficinas de violas, ensaios, shows e contação de causos.
As escolas das comunidades de Tapuirama, Miraporanga, Sobradinho, Douradinho, Cachoeirinha e Tenda do Moreno estão inseridas no cronograma. As atividades acontecerão semanalmente a partir desta terça-feira (3) e vão até o dia 8 de outubro. Em torno de 900 crianças do ensino fundamental serão alcançadas com o projeto, que contou com verbas de emendas parlamentares do período em que o atual prefeito Gilmar Machado era deputado federal.
O projeto Raízes do Sertão foi idealizado pelo grupo Viola de Nóis e existe há sete anos. Dos frutos do trabalho, hoje existem uma orquestra de viola e um grupo de catira. Agora, a parceria do grupo com a Prefeitura de Uberlândia e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), fará com que as ações sejam ampliadas.
A Secretaria Municipal de Cultura vai auxiliar na divulgação e nos equipamentos enquanto a Educação, além de recursos provenientes do Programa Mais Educação, participa com contratação de profissionais e abertura das escolas para receber o projeto. “É uma parceria que fortalece o fazer artístico e a cidadania cultural. Isso faz com que o sujeito produza cultura”, disse a secretária municipal de Educação, Gercina Novais.
Para Gilberto Neves, secretário municipal de Cultura, é fundamental que a Prefeitura chegue ao meio rural para que tanto as comunidades quanto as culturas do campo não sejam esquecidas. “Temos uma política integrada de governo e estamos atentos à zona rural. Vários projetos estão sendo pensados para lá, como é o caso do carnaval que pretendemos também levar aos distritos no próximo ano”, adiantou.
No trabalho com as escolas municipais a principal ideia é preservar a cultura caipira. O violeiro Tarcisio Manuvéi, do Grupo Viola de Nóis, vê no projeto a oportunidade de incentivar esse tipo de cultura nas crianças e mostrar os outros segmentos do caipira, como a folia de reis, a culinária o congado e a catira. “Queremos mostrar com as palestras a origem das canções caipiras, as primeiras duplas e a introdução da viola. Os causos também fazem parte disso, pois eles são cantados em versos e sem estrofes”, explicou.
Manuvéi ainda esclareceu a diferença entre a música sertaneja, bastante difundida atualmente, e a caipira. Segundo o violeiro, o sertanejo é um estilo que se refere mais ao urbano e hoje tem uma letra mais sensualizada, ao contrário do que de fato é a música caipira. “A cultura caipira ainda está viva, por isso não faremos um resgate, e sim contribuir para preservá-la através da viola”, completou Tarcísio Manuvéi.
Para a pró-reitora de Extensão de Cultura e Assuntos Estudantis da UFU, Dalva Maria de Oliveira, o Raízes do Sertão promove uma reflexão da cultura rural e o respeito à diversidade, desmistificando a oposição campo-cidade que permeia o imaginário das pessoas.
“Existe a ideia de que cidade é progresso e campo é o atraso. Mas, na verdade, o campo também é progresso, é de lá que cultivamos os produtos básicos da nossa sobrevivência. Esse projeto é lançado na base e ele pode suscitar o orgulho da criança em ser do campo”, destacou a pró-reitora, que lembrou do êxodo rural no século XX como influência na perda dessa satisfação de pertencimento ao campo.


Fillipe Alves

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