Escolas rurais terão projeto de preservação da cultura caipira
Foi anunciado na tarde de hoje (2), no Centro Administrativo Municipal, o início do projeto Raízes do Sertão em seis escolas da rede municipal. Serão desenvolvidas atividades culturais e educacionais em unidades da zona rural e dos distritos com a proposta de levar aos alunos o contato com a música raiz por meio de palestras, oficinas de violas, ensaios, shows e contação de causos.
As escolas das comunidades de Tapuirama, Miraporanga, Sobradinho, Douradinho, Cachoeirinha e Tenda do Moreno estão inseridas no cronograma. As atividades acontecerão semanalmente a partir desta terça-feira (3) e vão até o dia 8 de outubro. Em torno de 900 crianças do ensino fundamental serão alcançadas com o projeto, que contou com verbas de emendas parlamentares do período em que o atual prefeito Gilmar Machado era deputado federal.
O projeto Raízes do Sertão foi idealizado pelo grupo Viola de Nóis e existe há sete anos. Dos frutos do trabalho, hoje existem uma orquestra de viola e um grupo de catira. Agora, a parceria do grupo com a Prefeitura de Uberlândia e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), fará com que as ações sejam ampliadas.
A Secretaria Municipal de Cultura vai auxiliar na divulgação e nos equipamentos enquanto a Educação, além de recursos provenientes do Programa Mais Educação, participa com contratação de profissionais e abertura das escolas para receber o projeto. “É uma parceria que fortalece o fazer artístico e a cidadania cultural. Isso faz com que o sujeito produza cultura”, disse a secretária municipal de Educação, Gercina Novais.
Para Gilberto Neves, secretário municipal de Cultura, é fundamental que a Prefeitura chegue ao meio rural para que tanto as comunidades quanto as culturas do campo não sejam esquecidas. “Temos uma política integrada de governo e estamos atentos à zona rural. Vários projetos estão sendo pensados para lá, como é o caso do carnaval que pretendemos também levar aos distritos no próximo ano”, adiantou.
No trabalho com as escolas municipais a principal ideia é preservar a cultura caipira. O violeiro Tarcisio Manuvéi, do Grupo Viola de Nóis, vê no projeto a oportunidade de incentivar esse tipo de cultura nas crianças e mostrar os outros segmentos do caipira, como a folia de reis, a culinária o congado e a catira. “Queremos mostrar com as palestras a origem das canções caipiras, as primeiras duplas e a introdução da viola. Os causos também fazem parte disso, pois eles são cantados em versos e sem estrofes”, explicou.
Manuvéi ainda esclareceu a diferença entre a música sertaneja, bastante difundida atualmente, e a caipira. Segundo o violeiro, o sertanejo é um estilo que se refere mais ao urbano e hoje tem uma letra mais sensualizada, ao contrário do que de fato é a música caipira. “A cultura caipira ainda está viva, por isso não faremos um resgate, e sim contribuir para preservá-la através da viola”, completou Tarcísio Manuvéi.
Para a pró-reitora de Extensão de Cultura e Assuntos Estudantis da UFU, Dalva Maria de Oliveira, o Raízes do Sertão promove uma reflexão da cultura rural e o respeito à diversidade, desmistificando a oposição campo-cidade que permeia o imaginário das pessoas.
“Existe a ideia de que cidade é progresso e campo é o atraso. Mas, na verdade, o campo também é progresso, é de lá que cultivamos os produtos básicos da nossa sobrevivência. Esse projeto é lançado na base e ele pode suscitar o orgulho da criança em ser do campo”, destacou a pró-reitora, que lembrou do êxodo rural no século XX como influência na perda dessa satisfação de pertencimento ao campo.
Fillipe Alves
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