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Monitoramento de saúde mental revela desigualdades regionais na distribuição de profissionais e serviços especializados11/9/2025Aviso de conteúdo: Esta matéria aborda temas sensíveis relacionados à saúde mental e ao suicídio. Um estudo divulgado pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG), por meio de sua Diretoria de Fiscalização Integrada e Inteligência (Suricato), revelou dado preocupante com relação à cobertura de serviços especializados em saúde mental. Microrregiões como Itajubá (8%) e São João del-Rei (7%) têm os menores percentuais de municípios com disponibilidade de Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). A situação precária, conforme o relatório, indica a existência de "vazios existenciais", isto é, lacunas no atendimento que acabam por deixar populações desassistidas ou dependentes de deslocamentos longos para acesso ao tratamento. Outro ponto de alerta é que, quanto menor a distribuição de CAPS, mais altas são as taxas de suicídio nas microrregiões. Nas palavras do estudo, onde há menor presença de serviços de saúde mental, o problema do suicídio parece ser mais acentuado. O mapa a seguir mostra o percentual por estado e o contraste com as regiões de Pedra Azul (80%), Belo Horizonte (75%) e Ouro Preto (75%), que se destacam com os melhores percentuais de municípios com CAPS. No infográfico, quanto mais escura a cor, maior é a disponibilidade dos serviços. E, quanto mais clara a tonalidade, menor a cobertura. Veja: ![]() A equipe de Inteligência do TCEMG avalia, com base nessas informações, que há "urgência de replanejamento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) em Minas Gerais". Além disso, que "a alocação de novos CAPS ou o fortalecimento dos existentes deve se guiar por critérios epidemiológicos e pela densidade populacional, visando à equidade e à efetividade na prevenção do suicídio". Profissionais disponíveis A desigualdade territorial e a dificuldade de interiorização da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) também está refletida na disponibilidade de profissionais nas microrregiões mineiras. Conforme o relatório, em uma análise de presença de psiquiatras no Sistema Único de Saúde (SUS) por 100 mil habitantes, em 2023, foi notada ‘acentuada disparidade na distribuição’. Enquanto microrregiões como Mantena (8,08), Barbacena (7,23) e Ouro Preto (7,06) demonstram concentração significativamente maior desses médicos, por outro lado, microrregiões como Sete Lagoas (1,39), Januária (1,54), Santa Rita do Sapucaí (1,63), Divinópolis (1,67) e Bocaiúva (1,75) apresentam taxas inferiores a 2 por 100 mil habitantes. “Essa concentração desigual indica que o acesso à atenção psiquiátrica especializada é um privilégio geográfico, criando vastos vazios assistenciais em grande parte do estado e comprometendo a capacidade de diagnóstico e tratamento de transtornos mentais mais graves na rede pública”, reforça a publicação. ![]() Cenário desafiador foi observado também quanto à presença de psicólogos por 100 mil habitantes, em 2023, nas microrregiões mineiras. Mesmo havendo mais desses profissionais em comparação com os médicos psiquiatras, a tendência de concentração é observada da mesma forma. De acordo com a pesquisa, três microrregiões aparecem entre as cinco com melhores indicadores, tanto no quantitativo de psiquiatras quanto no de psicólogos: Barbacena (42,72), Mantena (38,39) e Piumhi (44,6). Na outra ponta, contudo, a microrregião de Divinópolis (19,98) aparece entre as com piores taxas. "É notável que mesmo microrregiões com grandes populações ou centros urbanos significativos, como Belo Horizonte e Juiz de Fora, figurem entre as com as menores taxas de psicólogos, o que pode indicar que, apesar do número absoluto de profissionais ser maior, a oferta per capita não acompanha a demanda, limitando o acesso a serviços de psicoterapia, avaliação e apoio psicossocial essenciais para a saúde mental da população", indicam os pesquisadores do Tribunal. ![]() Papel inovador Ao apresentar um relatório inédito sobre saúde mental, o TCEMG amplia sua atuação e vai além da fiscalização contábil. Conforme reiterado pelo conselheiro-presidente Durval Ângelo, o Tribunal de Contas tem também um compromisso com o seu papel pedagógico para a evolução dos serviços e políticas públicas que chegam à sociedade. Por propor uma métrica alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), a Corte de Contas Mineiras se posiciona como agente na avaliação de políticas públicas e, ainda, como órgãos de controle podem contribuir para valorização da vida. - Clique aqui e veja o relatório na íntegra. Caso você esteja passando por um momento difícil, ou conheça alguém, e precise de apoio emocional, procure ajuda especializada. O CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece atendimento gratuito e sigiloso, 24 horas por dia. Ligue 188 ou acesse www.cvv.org.br; Você não está sozinho. https://www.tce.mg.gov.br/noticia/Detalhe/1111628276 Relatório do TCEMG aponta que suicídios em Minas Gerais cresceram 25% em cinco anos e atingem jovens adultos 11/9/2025 Aviso de conteúdo: Esta matéria aborda temas sensíveis relacionados à saúde mental e ao suicídio. Entre 2018 e 2023, o número de mortes por suicídio em Minas Gerais cresceu 25%, passando de uma taxa de 7,37 para 9,23 óbitos por 100 mil habitantes. Em todo o país, a taxa em 2023 foi de 8,05. Cerca de 77% dos casos são de homens. Se em 2018 a maior concentração de suicídios estava entre pessoas de 40 a 49 anos (11,48 por 100 mil habitantes), em 2023 o cenário mudou. O grupo com maior taxa foi o de 30 a 39 anos, com 13,92, seguido pelos jovens de 20 a 29 anos, que atingiram 12,66. Os dados foram revelados no relatório “Setembro Amarelo: Um panorama sobre a saúde mental nas microrregiões de Minas Gerais”, do Tribunal de Contas de Minas Gerais, divulgado neste mês. O levantamento teve por objetivo conhecer a realidade da saúde mental nos municípios mineiros e entender como eles encaram esse desafio. “Os órgãos de controle, como os Tribunais de Contas, podem desempenhar papel crucial na prevenção do suicídio ao avaliar e monitorar a eficácia das políticas públicas relacionadas à saúde mental. Por meio da análise de indicadores e da fiscalização das ações governamentais, esses órgãos garantem que as iniciativas de prevenção sejam implementadas de forma adequada e eficiente, assegurando que recursos financeiros sejam direcionados para ações dessa natureza”, aponta o estudo. Entre 2018 e 2023, foram 10.753 mortes por suicídio no Estado. Em todos os anos analisados, os homens representaram a maior parte das mortes por suicídio. A discrepância mais acentuada ocorreu em 2019, quando 79,27% dos casos foram atribuídos a indivíduos do sexo masculino. Na média do período, 77% das vítimas foram homens e 23% mulheres — apesar de o Censo 2022 indicar que a população mineira é majoritariamente feminina (51,2%). “Alinhado a evidências empíricas e à própria percepção social de que as mulheres são mais abertas à expressão emocional, os dados analisados sugerem que os homens podem estar enfrentando doenças mentais de forma silenciosa. Tal fenômeno é frequentemente impulsionado por expectativas sociais que os pressionam a demonstrar força, independência e resiliência emocional, resultando na repressão de sentimentos e na relutância em buscar ajuda profissional diante de problemas psicológicos” explica o relatório. Perfil etário muda: jovens adultos mais vulneráveis Se em 2018 a maior concentração de suicídios estava entre pessoas de 40 a 49 anos (11,48 por 100 mil habitantes), em 2023 o cenário mudou. O grupo com maior taxa foi o de 30 a 39 anos, com 13,92 por 100 mil habitantes. O deslocamento da faixa etária mais vulnerável preocupa autoridades de saúde. A fase da vida marcada por entrada no mercado de trabalho, início da carreira e formação familiar pode estar se tornando um gatilho para crises emocionais mais graves. Outro dado relevante é o crescimento entre idosos com 80 anos ou mais. A taxa passou de 6,61 em 2018 para 9,64 em 2023. Segundo especialistas, isolamento social, perda de autonomia, doenças crônicas e luto estão entre os fatores de risco. Já entre adolescentes de 10 a 14 anos, embora os números absolutos sejam menores, os casos não deixam de alarmar. Em 2018, a taxa foi de 0,98 por 100 mil habitantes; em 2023, ficou em 0,91. Bullying escolar, pressão acadêmica, conflitos familiares e impactos das redes sociais aparecem entre os principais fatores de vulnerabilidade. Ao longo dos próximos dias, divulgaremos matérias que mostram a realidade dos casos de suicídio por microrregiões do Estado. Além disso, o relatório ainda revela os investimentos em saúde mental, com a evolução das despesas, e o número de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), de psiquiatras e de psicólogos por cidade. Clique Aqui e veja o relatório na íntegra. Caso você esteja passando por um momento difícil, ou conheça alguém, e precise de apoio emocional, procure ajuda especializada. O CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece atendimento gratuito e sigiloso, 24 horas por dia. Ligue 188 ou acesse www.cvv.org.br; Você não está sozinho. |




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